domingo, 20 de dezembro de 2009

Expansão do Luteranismo

Ao lado dos problemas meramente religiosos, houve uma série de fatores sociais e econômicos que favoreceu a difusão das idéias de Lutero na Alemanha. Destaca-se, entre eles, o fato de a maioria das terras alemãs pertencer à Igreja católica. A nobreza local cobiçava o domínio dessas propriedades.

Nessa época, o que chamamos de Alemanha nada mais era do que um conjunto de principados e cidades independentes. Não existia, portanto, um país unificado, com unidade política. A região fazia parte dos domínios do Sacro Império Romano Germânico, controlado pela dinastia dos Habsburg. A sede do império ficava na Espanha, e o imperador, aliado do papa, procurava preservar certa unidade em terras alemãs e a autoridade sobre seus príncipes e nobres.

Com fome de poder e de riqueza, as classes elevadas (nobreza e alta burguesia) estavam descontentes com a Igreja e o comando do imperador. Por outro lado, as classes sociais exploradas (camponeses e artesãos) também culpavam a Igreja pela situação de miséria de que eram vítimas. Havia, portanto, entre as diversas classes sociais, certa opinião comum contra a Igreja.

Liderados por Thomas Münzer, os camponeses, a partir de 1524, passaram a organizar urna série de revoltas contra sacerdotes ricos e nobres alemães, donos de grandes propriedades (movimento anabatista). Os camponeses lutavam violentamente pela posse de terras, pela igualdade social e pelo fim da exploração.

As classes dominantes, então, uniram-se para acabar com a revolta camponesa. Lutero apoiou os ricos e publicou um manifesto de ódio contra os camponeses revoltados. O texto escrito por ele dizia:

Contra os bandos camponeses assassinos e ladrões. Nada é mais terrível que um homem revoltado. É preciso despedaça-los e degola-los. Mata-los como se faz com um cachorro touco.

Na luta contra os poderosos, os camponeses foram esmagados. Morreram mais de cem mil e o líder Thomas Münzer teve a cabeça cortada.

Em troca do apoio dado às classes ricas, Lutero conseguiu aliados entre a nobreza e a alta burguesia. Os poderosos viram nele um homem confiável e o auxiliaram a divulgar sua doutrina religiosa pelo norte da Alemanha, na Suécia, Dinamarca e Noruega. Em 1529, protestaram contra as medidas, tomadas pelo imperador contra Lutero, que impediam cada Estado de adotar sua própria religião. Foi a partir desse protesto que se espalhou o nome protestante para designar os cristãos não-católicos.

Não sendo atendidos pelo imperador Carlos V, o grupo de príncipes protestantes formou, em 1531, uma liga político-militar (Liga de Schmalkalden) para lutar contra as forças católicas ligadas ao império. Somente em 1555 o imperador aceitou a existência das Igrejas luteranas, assinando com os protestantes a Paz de Augsburgo. Era o reconhecimento oficial da separação religiosa do mundo cristão.